29/10/2012

RELVAS, LOUÇÃ E RENATO SEABRA

Há temas que nunca os vi como tais. Miguel Relvas, Universidade Lusófona, fazem parte do anedotário nacional com uma forte carga diária e a propósito de tudo e de nada. Nunca escrevi sobre isso, mas desde o primeiro momento que achei um não assunto. Miguel Relvas fez o quê, afinal?  Foi apanhado em esquemas de corrupção? Cometeu algum crime? Exorbitou as funções? Não, Miguel Relvas pediu equivalência a cadeiras de um curso, através de um sistema existente de creditação de competências nas universidades. Se alguma questão aqui se poderia levantar, seria a universidade na maneira como concedeu as equivalências e não o aluno que as obteve. Se eu for a um restaurante e apanhar um intoxicação alimentar, a quem se deve atribuir o objecto da questão? A mim ou ao restaurante (mesmo que este o não tenha feito intencionalmente)?  Primo pela justiça e equidade. No início ainda pensei que as coisas fossem morrendo, mas o povo sempre gostou de ser acrítico e não pensar sequer sobre as coisas... É preciso haver uma segunda opinião... Ah, e já agora, não é a licenciatura que define uma pessoa, mas compreendo que tivesse pedido equivalências porque socialmente tem um efeito diferente.  Churchill só tinha o sexto ano de escolaridade e foi um dos estadistas que marcaram a historia da Europa num dos momentos mais difíceis do século passado...




Francisco Louçã é um homem de convicções, com tudo o que de mérito e perigoso tem, mas concorde-se ou discorde-se dele (e obviamente que muitas ideias são irrealistas ou não compagináveis com modelos exequíveis de actuação), foi sempre uma pessoa de bem, íntegro e respeitador, mesmo que inflamado nas causas como, de resto, convém, porque não se pode ser cinzento nestas coisas. Retenho esta frase do seu discurso de despedida que devia ser apanágio para qualquer deputado: "(...) saio exactamente como entrei, com a minha profissão, sem qualquer subsídio e sem qualquer reforma".



Renato Seabra volta ao falatório. É para mim evidente que teve um surto psicótico (não se está mais de uma hora cegamente a estropiar alguém, de forma irracional) mas o surto não pode ser visto de forma isolada já que ele, em si, não retira a noção de bem e de mal. Houve uma aproximação a Carlos Castro por motivos puramente materiais e para futuros benefícios na sua carreira, e quando se fazem coisas muito para além daquilo que naturalmente se suporta, ou seja, quando se finge e se obriga a si mesmo a coisas que não se quer a não ser, neste caso, para retirar dividendos, as coisas vão descambar, e se já houver alguma patologia, esta é apenas potenciada no momento de cegueira e raiva em que se mata no outro a nossa própria frustração.